
Mas também o preço a pagar parece ser diretamente proporcional ao grau de redundância: quanto mais o mesmo se expressa, mais aborrecido é continuar nessa tocada. De tal forma que a escolha fica sendo entre o susto e o enfado. Se fosse filme, entre o suspense e a comédia de costumes.
Como a espécie humana (ou uma facção influente dela) parece hábil na negociação, uma solução intermediária foi barganhada de forma obscura, talvez corrupta. Há uma suspensão da crítica e das ilusões e tudo o que se poderia identificar como próximo aparece como desconhecido, longínquo. Um auto-engano consentido, mezzo consciente mezzo sonâmbulo. Se fosse filme seria de aventura, cheio de ação e reviravoltas, ou uma comédia romântica, com desencontros e encontros. Em ambos haveria um acordo tácito, um compromisso de final feliz. Porque já se sabe tudo de antemão. Só não se conta para não perder o encanto.
As repetições são um caldo de covardia. Imobilidade no certo contra movimento no duvidoso. Descanso em carrossel. Alimentam para melhor entorpecer; se exibem com arrogância para então retrair sem a menor compostura.
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foto: detalhe do Jardim Botânico em São Paulo, por Ricardo Imaeda
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[originalmente publicado em blog anterior no Livejournal]
1 comment:
E no entanto sempre desejamos que nosso lar esteja onde o deixamos quando saímos pela manhã.
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