Sunday, February 20, 2011

Junto ao fora

Pode parecer incrível, mas um dos raros momentos cotidianos em que alguém pode se identificar com o todo é assistindo a um filme em uma sala de cinema. Lá ele volta a ser um com a espécie, com o universo. Consegue se desvencilhar dos nós que o mantêm ligado à sua vida particular, separada, e mergulhar no rio daquelas outras vidas, tão distantes e vizinhas. Por duas horas, pouco mais, pouco menos, ele não apenas observará como de fato estará nessas outras biografias.

Não importa seu destino. A experiência do cinema modifica o olhar dessa forma radical, ainda que momentaneamente. Mais do que qualquer conteúdo novo, a vivência da integração com o que parecia estar fora.

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foto: praça do Patriarca, no centro de São Paulo, por R.I.

Tuesday, February 15, 2011

Trilhas encobertas

Quanto ainda resta do estoque de respiros tenta-se adivinhar. Cada vez que há uma parada o montante se altera para menos ou mais. Como um alimento para o corpo esvaído, mais que o sono ou estímulos sensoriais, o vento o reanima. Distância. Espaço. E um andar que não cessa ainda.

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foto: vista da orla de Santos, por R.I.

Tuesday, February 08, 2011

O mais difícil

É como respirar aliviado por escapar mais uma vez sem saber ao certo onde vai dar essa trilha de um só. Olhar para a mesma paisagem dos outros em um passo diferente, quieto e instigante. Resistir às demandas de voltar. E continuar.

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foto: skyline de São Paulo a partir de um dos lagos do parque Ibirapuera, por R.I.

Wednesday, February 02, 2011

Regata

Poderia ser alimento, mas é apenas remédio. O que são dias e dias desconhecidos na cidade sem fim? Talvez a refeição bem feita, como se fosse a próxima, a nova. Como um encontro possível depois de frases esgotadas. Dias de chuva para deixar evaporar. Ou condensar?

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foto: detalhe do orquidário Ruth Cardoso, no parque Villa-Lobos, em São Paulo, por R.I.