Thursday, September 25, 2008

Marcadores sem fim

Se livros custassem menos. E as editoras pequenas pudessem continuar. Se locadoras de livros se multiplicassem pela cidade. E as bibliotecas tivessem todos os livros que buscamos. Se houvesse mais trocas entre leitores...

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foto: Centro Cultural São Paulo, onde acontece a Primavera dos Livros, das pequenas editoras, até domingo, por Ricardo Imaeda

Saturday, September 20, 2008

O que deixa o filme para prosseguir


Somos espectadores de alguns meses na vida das cinco pessoas da família de Cleusa no filme ‘Linha de Passe’ (W. Salles Jr. e D. Thomas). Não faltam momentos de dúvida a todas elas. Os caminhos parecem se estreitar na medida em que o dinheiro se interpõe como vale de acesso ou passagem para novas etapas. As dificuldades se cruzam com as tentações do desvio ético.

No horizonte o perfil da enorme cidade só aprofunda a sensação de fio de corte em que o equilíbrio se faz mais e mais frágil. Lá está a realidade do amanhecer, a pia sempre entupida, o cimento sem acabar. A casa para a qual se parte, cada volta.

As dúvidas como carga. As dúvidas, que o silêncio reparte mas que também não permite parar.

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foto: representação gráfica dos diversos grupamentos de seres vivos, in Museu de Zoologia da USP, Ipiranga, São Paulo, por Ricardo Imaeda

Wednesday, September 17, 2008

Atravessar

Quando finalmente o telefone toca sei que não estou morto. Ainda não. Ainda existe alguém tentando chegar a outra terra. É como um sino que traz de volta à vida quem parecia já externo.

Mas é tão raro tocar. Cada vez mais.

Talvez porque se pressinta o risco da passagem, o temor de que a ausência passe a ser transitiva.

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foto: viaduto Santa Ifigênia, centro de São Paulo, por Ricardo Imaeda

Wednesday, September 10, 2008

O destino dos sinais


[ao som de ‘The boy with the thorn in his side’, de e com The Smiths]


Haverá remédio algum lugar. Com os pés frios, cabeça aquecida, só os tremores conhecem chegada.
Agora a dor é um prenúncio do fim.


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foto: detalhe da praça Marechal Deodoro, com o início do elevado Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, em São Paulo, por Ricardo Imaeda

Wednesday, September 03, 2008

O que restou

Aquelas pessoas não desejam nada além do seu dia-a-dia, máquinas conhecidas, percursos de sempre. Fazem do sustento a possibilidade e o limite. Não lhes acena a mudança. A viagem seria um transtorno. Falta arte, mas não a comida.

Foi a vida, podem dizer. A necessidade ganhou corpo no costume. Ocupou todas as janelas. E não deixa lugar para a concorrência.

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foto: a partir do interior da igreja de Santa Cecília, na região central de São Paulo, por Ricardo Imaeda