
O que fazer nessas horas? Para onde ir? A pressa incontida desenha freios quando não se quer. Uma paralisia de repetir sempre o mesmo, rotinas de um mesmo dia. E um outro fosso, talvez mais largo ou fundo: um pensar em si sem molduras fixas, sem artifícios de projetos ou lembretes de infância: um redemoinho personalizado com aceleração crescente e paisagem calma para contrastar. Como se fosse correr cada hora em uma direção, sob mapas autodestrutivos, no desejo único de não estar mais ali no momento seguinte. Apenas sair.
Sentado em um banco no Parque da Água Branca, em São Paulo, noto o calor deixar cada vez mais espaço para o vento fresco. Os patos caminham livres pelas alamedas e o canto de outras aves pontua o fim de tarde. Sinto o baque de uma amora sobre o ombro esquerdo. A fruta desliza e deixa uma mancha arroxeada na camiseta branca. A amora cai ao chão e me faz levantar.
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