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É muito difícil ler Beckett.
Não pela construção das frases, tão límpidas e diretas na sua concretude. Mas pela atmosfera: um misto de rarefação e densidade, que repesa a cada nova pausa. As cenas são cotidianas e quase nada acontece em seus textos. Ninguém parece saber o que vai sobrevir e, no entanto, segue com sua rotina sensabor. E é essa insipidez o que afasta. Não se quer o que não se apresenta ao gosto.
Mas, ao mesmo tempo, é esse autor que tão bem captou o abismo, a deliqüescência do que foi humano. Do que patina insosso e não grita mais porque se esgotou a energia ou a conformação já rasteja altaneira.
Nesses dias de aridez há espelhos demais. Todo grão de areia parece vitrificado. Ofuscante. Inclemente. Faz clamar por qualquer chuva.
Thursday, March 08, 2007
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4 comments:
Obrigado Pela visita em minha casa de paragens.
hospede-se sempre que quiser.
abraços
Rubens
Há um excelente livro sobre beckett pela josé olympio, escrito por ludovic janvier.
hábraços
Com estes dias de sol, mais a areia arde, mais os espelhos se multiplicam. Preciso ler Beckett.
beckett é sempre bem vindo!
especialmente em tardes chuvosas...
abraço!
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