Saturday, March 24, 2007

As cores que persistem


Quem vier a São Paulo vai encontrar belas exposições de arte. Em uma delas é como se desembarcasse em Santiago, Chile. As principais obras do acervo do Museo de la Solidaridad Salvador Allende estão na galeria de arte do Sesi, na Avenida Paulista. Se a história de criação e sobrevivência desse museu já carregam virtudes, ideais de liberdade e justiça, as obras se desprendem em beleza.

Não há uma unidade de estilo ou direcionamento temático, produto que foram de doações individuais de artistas de todo o mundo. Geometria, efeitos ópticos, abstrações, figurativismo, surrealismo. Estão todos lá sem brigar. Muita cor mesmo em tempos sombrios. Gravames em linhas suaves. Alguma coisa tensa que insiste em deixar testemunho em dias de concórdia duramente trabalhada.

Olhar para essas obras faz sentir um pouco daquela força original que reaparece de vez em quando e continua sem se saber como. Um braço que se estende na tormenta. Uma voz em meio ao abandono.

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foto: detalhe do folheto da mostra, com reprodução de obra de Gracia Barros

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