Thursday, October 19, 2006

Sobre o chão que passa sobrevive

Sala de espera de hospital é um Purgatório, seja isso o que for. Você só consegue pensar nas coisas mais graves. Sentido da vida, flash backs dos momentos mais marcantes, milagres que não acontecem. Que tudo pode lhe custar mais, taxímetro rodando. Cada novo procedimento, cada velha incerteza. Quando há um jardim, as plantas parecem sobreviver. O chão é lacerado e limpo, mas respira como sob plásticos. Provisório como as súplicas que se consegue imaginar.

Mesmo os lírios amarelos se vergam frágeis no canteiro mal tratado. Pela janela o dia fracionado parece suspenso, sem cotidiano, só espera. O teto não tem estampas. Nem sossegos. Qualquer carrinho que passa é um susto. Qualquer susto serve.

O chão é lacerado e plástico.
Uma agenda com telefones. Mas quem?

Qualquer susto é mais humano.

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