Tuesday, September 12, 2006

Nas horas extremas

Assistir a alguns documentários sobre os acontecimentos de cinco atrás espalha luz sobre os mistérios do comportamento humano. Confrontadas com uma situação extrema, que demandava decisões extremas, as pessoas respondiam com gestos de compaixão genuína por desconhecidos. Arriscavam suas chances de escape pela ajuda a alguém em condição ainda mais desconsolada. É como se nessa hora se reavivasse um sentimento de unidade há muito esquecido. A sobrevivência do outro como a possibilidade de eu mesmo sobreviver.

Parece automático se perguntar por que só em tais momentos essa consciência emerge. E parece quase automática a resposta. Quando as grandes questões ganham o palco é que nossa verdadeira natureza pode se manifestar. Tudo isso parece trivial. Mas por que então ainda consegue nos comover? Por que a mediocridade domina o horário nobre de tantas vidas e deixa a música mais significativa para os créditos finais?

As horas extremas são condensados extraordinários de energia. Concentram em pouco espaço-tempo a totalidade dos recursos de cada um. Como uma aposta única. Relâmpago em busca do chão.

São espelhos.

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