Friday, September 15, 2006

33 rotações e um pouco mais por minuto











Reconstruir a trilha sonora de uma vida é como montar um quebra-cabeça tendo a figura por guia. No instante em que se encaixa uma música, um pedaço da história ganha cor e movimento. Ele parece trazer o sabor do passado, mas seu sentido já terá sofrido irremediável atualização. Não mais aquela inocência de não saber o que viria, nem o gostar pelo simples gostar. As canções passam a carregar a experiência vivida por um tempo para outro muito depois. E assim misturam pontos de vista em cascata.

Será, talvez, como a sensação de quem já teria estado antes em um lugar que visita pela primeira vez. Arrepio de quem pressente algo mais do que mera coincidência. Nada de ‘Twin Peaks’, por enquanto. O olhar de quem percorre esse espaço repete o ouvido de quem reconhece a música. Deixa-se perder porque deseja sentir de novo algo que navega entre dois momentos. Como se liberasse mais uma vez a noite estrelada, com os encantos e feridas que saberá suportar.

Ouvir tais canções é como voltar para casa. Que estará agora desabitada, mas cheia de pedaços distantes.

Não, não é nostalgia. Apenas não desligue o toca-discos.

[ao som de ‘Wichita Lineman’, de Jimmy Webb, na voz de Glen Campbell]
[para Ricardo Neves, um amigo entre dois momentos]

1 comment:

Anonymous said...

puxa...
primeiro devo confessar q já no título eu disse a mim mesmo: "hj este post vai falar comigo..."
e de fato ele foi falando, falando, falando....
e, ato contínuo, fui olhando pros lps descansando aqui no escritório.
depois, qual a surpresa, a dedicatória.
puxa, vc sabe q não sou digno de nada, muito menos desta q considero, sim, uma homenagem.
vc novamente me fez muito feliz.
receba meus agradecimentos e meu abraço.
ricardo, o neves.