Friday, June 30, 2006

Extenso e só


Do poeta e. e. cummings sempre me lembro dos versos para sempre de ‘maggie and milly and molly and may’, um prodígio de conceito e sonoridade:

‘may came home with a smooth round stone
as small as a world and as large as alone

for whatever we lose (like a you or a me)
it’s always ourselves we find in the sea’

[‘may voltou para casa com uma pedra lisa e redonda
tão pequena como um mundo e tão grande como sozinha
porque o que quer que percamos (como um você ou um eu)
é sempre nós mesmos que encontramos no mar’]

Além de toda a beleza das imagens, eles ressoam mais ou menos o mesmo que o saber budista zen: o que procuramos não está lá fora, mas dentro de nós mesmos. O que trazemos do mar é apenas aquilo que levamos para lá.

Mas sempre queremos um pouco mais do que achamos, polimos, destacamos. Um pouco mais de quem nos representa, ainda que eles não sejam por nós escolhidos. E nem cabem nos círculos entre a busca e a volta.

As sobras de toda garimpagem parecem se estender por todo o caminho a se perder entre a solitude e o mundo.

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