
Não é você mesmo, mas guarda alguma familiaridade. Talvez em algumas vogais escuras, muito breves e quase imperceptíveis. Ou naqueles tiques de longa existência, que os ouvintes atentos podem reconhecer.
Mas é outra voz, mais aguda, mais grave. Outra alma confrontada na invisibilidade, nessa ponte de mão única. Ela se repete cada vez diferente a alguém que parece não mais lembrar como foi chegar a esse outro lado. Uma voz desnaturada, suspensa no tempo.
Ela perturba o viajante nas horas pares quando tenta trazer companhia sem ao menos causar um tremor.
:: foto: detalhe do Ohtake Cultural, em Pinheiros, São Paulo, por R.I.
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