Sunday, July 03, 2011

Ainda

O uso exagerado da consciência mental acaba envelhecendo em demasia o organismo. Mais que cansa, matura e amortece. É como a conexão de internet consumindo a bateria do telefone. Desgaste, desmonte. O tempo se encolhe para o desenlace das preocupações. Passa o dia, a hora em minutos. E o pensamento, a que destino chega depois?

Cessam as vozes nesse crepúsculo sem lanterna. Nessa pressa de dizer para onde. Estará lá, ainda que em quebra, ainda fraco, sem horizonte. Na terra sem promessa e sem história.

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foto: fim de dia sobre lago no parque Ibirapuera, em São Paulo, por R.I.

1 comment:

Anonymous said...

Lembro de Milton Hatoum em "A cidade ilhada"'. Diz assim: "Anos depois, num fim de tarde, eu acabara de sair de uma vara cível, e passava pela avenida Sete de Setembro. Divagava. E já não era jovem. A gente sente quando as complicações se somam, as respostas se esquivam das perguntas. Coisas ruins insinuavam-se atrás da porta. (...) tudo vai se esvaindo. E a aspereza de cada ato da vida surge como um cacto, ou planta sem perfume. Alguém olha para trás e toma um susto. A juventude passou."