[ao som de ‘Desperado’, de D. Henley e G. L. Frey, na voz emocionante de Judy Collins]
Não existe fim. Esse é o aprendizado depois de tantos anos, tanta experiência. O que parece terminar acaba se revelando inconcluso, incompleto. Só deixa de ser visível; está em algum outro lugar com a mesma força.
O que cansa não termina. Talvez permita algum repouso na sombra de uma alegria conquistada com muitos riscos. Ali onde se estendeu o resto de poesia, o ressaibo das palavras de bem dizer.
Ali onde começa. E não se esquece mais.
:: foto: lago Guarapiranga, a partir da margem norte, no bairro do Socorro, zona sul de São Paulo, por R. I.
Há o cansaço. E os ciclos repetidos de dias e frases. Mais o sono intermitente de fins antecipados. Esse deveria ser o sentido que buscava há tanto tempo.
:: foto: instalação do grupo francês Carabosse no Jardim da Luz durante a Virada Cultural de 2009 em São Paulo, por R.I.
Andando à tarde em ruas desconhecidas me dou conta de que o tempo passou. A lentidão pode ser proposital, mas também carrega um peso. Não físico. Ao ver o movimento todo, de veículos e gente, sem pausa nem lastro, sinto o gosto do passado refluir como magma. Ainda se pode reconhecer o roteiro, primeiros desfechos; entender as conversas, encaminhamentos. Mas a densidade mudou. O que antes parecia alimentar agora passa sem garantir sustento. Pesa, sendo cada vez mais rarefeito.
:: foto: a partir do interior do terminal do Expresso Tiradentes, no Sacomã, zona sul de São Paulo, por R.I.
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