
O desenho me lembrou do nobre caminho óctuplo, as orientações budistas para um viver desperto. Lá estava um motivo de contemplação, multiplicidade de vazios, transparentes, perpassados de tudo o mais que não matéria. Os professores de música de ‘...E la nave va’, de Fellini, extraindo fina melodia das taças no navio a ponto de naufragar. Meus próprios ensaios de canto, quantas mesas à espera de quem sabe-se lá quando. E as luzes encantam, ensonam, entornam.
Lá fora, a grande festa da cidade continua. Ela está aqui, apagando e acendendo, lentamente. Viva, no espaço entre duas inspirações.
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foto: instalação de Vera Barcellos, com taças e luzes, especialmente criada para o octógono da Pinacoteca do Estado, em noite de Virada Cultural, na região central de São Paulo, por R.I.