Imaginar fósseis como recuerdos à venda causa incômodo e provoca reflexão. Ao contrário das barracas da periferia de Lima, Peru, onde o artesanato de inspiração pré-colombiana é o destaque, aqui são remanescentes de seres vivos a atração principal. Não mais como matéria de estudo científico, mas como peças de contemplação, para lembrar da passagem por um lugar. Ossos ou partes deles, ex-orgânicos, mineralizados. Cadáveres feito coisas como marcadores de um sopro de vida em um sítio remexido depois de milhares de anos.
As montanhas da pré-cordilheira logo em frente parecem áridas, inóspitas. Mas ao longo do rio revolto os ciprestes e outras árvores contrastam com sua vivacidade. E o viajante se lembra que nesse vale florescem alguns dos vinhedos mais valorizados do país. A paisagem do aqui e agora já basta para nos confrontar com as transformações em curso. Da vida em constante mudança.
Não paro para sequer olhar para os fósseis. Eles já são outros.
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[A palavra do título deve ser compreendida como uma alusão intercultural em seus vários sentidos atravessados. Em inglês é o pronome na primeira pessoa do singular. Mas em mandarim, na sua transcrição para o alfabeto romano, significa transformação, mutação, como no clássico taoísta ‘I Ching’, o livro ou tratado das mutações]
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foto: cânion do Rio Maipo, Chile, verão de 2006/07, por Ricardo Imaeda
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2 comments:
Muda tanto... e às vezes parece que não muda nada.
Muda tanto... e às vezes parece que não muda nada.
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