
Por que não o bem-te-vi, tão presente em tantos bairros, com seu canto inconfundível, companhia simpática e trilha sonora do amanhecer e fim de tarde? Ou a maritaca, com sua farfalhante algazarra, contraponto e concorrente sonoro, também espalhado pela cidade?
Talvez porque eles estejam perto mas apontem para uma vida bucólica improvável demais. Podemos ouvi-los como lembrete de um projeto distante, disperso. Quase misturados com os ruídos da metrópole. Ou talvez como apenas mais uma de suas variações.
O escolhido está quase extinto, quase invisível, precioso na sua raridade. A suçuarana traz a nobreza, a altivez e a agressividade dos felinos predadores. Lembra o espírito de conquista e a agilidade que talvez se deseje como espelho dos habitantes. Ou o reverso quase mítico de uma utopia selvagem.
O animal que a cidade expulsou foi o escolhido para representar o que ela quer se ver de melhor.
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foto: panorâmica sul a partir do topo do edifício do Sesc na avenida Paulista, por R.I.
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