Thursday, September 09, 2010

Um ponto de contato com o iluminado

Ao contrário do que acontece normalmente, quando se costuma lê-lo na juventude, somente agora tenho esse encontro tardio com o ‘Siddharta’, de Herman Hesse. Tanta demora no contato traz suas compensações. Já não é mais uma abertura de portas, a descoberta de um mundo novo. O que agora acontece se aproxima mais de um reconhecimento, afinidade de caminhos percorridos.

Em uma de suas cenas finais, Govinda beija a testa de Siddharta e nele vê sucederem os mais diversos rostos, a vida, a Terra inteira. Nesse momento cessa a busca que tanto o propulsou. Ele finalmente consegue ter a experiência de uma iluminação que não se alcança pela pesquisa ou esforço, desejo ou sublimação. A unidade que ele então vivencia não pode ser explicada.

Quando li essa passagem foi como se me visse de novo com todos os vivos e vividos da noite de fim de ano de 2008, como escrito aqui no post de 01 de janeiro de 2009 (no texto ‘O que desponta e se dissolve’).

São talvez raras as vezes em que o absoluto se faz assim sentir, como poucos que o conseguem traduzir em palavras. Simples como agudas, a verdade na sua aparência mais clara de beleza.

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foto: flor de lótus a ponto de abrir ou se fechar, em uma rua do bairro da Liberdade, em São Paulo, por R.I.

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