Não adianta o incessante movimento de carros, nem o vazar de horas. A fala intensa da mente vai se aquietar agora que os passos se tornam mais lentos. No vazio sob os pés se iluminam fachos de saída.
:: foto: trecho da Radial Leste, a partir do viaduto da Glória, no bairro da Liberdade, em São Paulo, por R.I.
Primeiro foi o medo, esse fascínio da queda e do desconhecido. Por muito tempo restou apenas como força de arrasto. Passava em volta de todos os gestos e pensamentos, pendendo em sombras, os prazos perto do fim.
Depois foi a espera, qualquer coisa mais sem forma que os dias. Qualquer voz, o anúncio da chegada, mas logo então o desmentido, e mais uma vez.
Agora, o espaço de ar expandido. Nada mais sufoca. E a casa deixa de respirar.
:: foto: deslizar elegante de uma raia no Aquário SP, no bairro do Ipiranga em São Paulo, por R.I.
Por que ele diz tanto sobre si mesmo? Parece só ver espelhos onde alcança. Talvez queira ser o heroi de seu canto, no desfile de palavras que puxa para a superfície. Que destino lidar com palavras. Matéria prima, matéria finda. Trazidas de volta à vida perdem voz na prisão do poeta.
Assim passaram dias e meses sem notícias. Como se tivesse partido, história finda. Meses, anos. Não foi por palavras nem gestos. Apenas uma canção que ressuscita na pesquisa da memória. No acaso de encontros improváveis, vozes cada vez mais distantes.
:: foto: detalhe de quiosque na praça Antonio Prado, no centro de São Paulo, por R.I.
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