Monday, March 08, 2010

Círculos lineares

Algumas coisas são cíclicas e outras, de uma linearidade sem clemência. As feiras se repetem toda semana, mas o envelhecimento segue irremediável. Parece que se subtrai de cada gesto um pouco da energia cada vez. E tantos outros ultrapassam seu caminho em velocidade ampliada. Moinhos cadentes.

Quase não usa mais seu relógio, enquanto a bateria continua a se gastar. Não lhe perguntam mais as horas; elas também se afastam. Deve ser isso perder o centro: sentir as linhas de contato partirem ainda que não reconheça o abandono.

Faz noite a qualquer hora. Ônibus e trens atrasam. Quando chegam, lotados, riscam o chão de um jeito que não se pode mais saber se voltam ou recolhem. Não faz diferença.

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foto: torre da estação da Luz, na região central de São Paulo, por R.I.

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