Falta força para seguir. Faz falta. Não somente para onde, mas como. Tudo parece se esgotar tanto. Quase como um fim sem chegada.::
foto: detalhe do parque do Povo, no bairro do Itaim, zona sul de São Paulo, por R.I.
Escrever para compreender
Do lado de lá, e quase todo o entorno, a correria segue sem tomar respiro. Movidos por qualquer coisa sem nexo real, eles se exaurem no desespero de chegar ou, ao menos, não naufragar. Correm cada vez mais longe, tentando tomar posse do que sempre termina por escapar.
Olho para os lados em que o barulho deixa estragos. Sem os apoios de ontem não reconheço mais os lugares nem as figuras da história. Estão bem aqui e, ao mesmo tempo, estão perdidos. Como se tivessem se soltado e agora vagassem por si, senhores da sua liberdade.
Se você soubesse que teria mais vinte anos de vida (nesta vida), mudaria alguma coisa? É certo que é difícil precisar assim: vinte anos. Mas suponha. Parece que depois de algum tempo a questão desapareceria, atropelada pelos problemas do cotidiano, de sempre. Bem diferente seria se o prazo fosse de dois anos. Apesar de talvez mais desesperador, esse período parece mais cabível em qualquer tipo de planejamento. Do que seria priorizado e experimentado até do que seria empurrado para o final da fila.
Sem trabalho, as longas pausas criam tempo livre e terreno para a meditação (andando) e o desenvolvimento espiritual. É como se houvesse aberto uma porta para outra via, paralela e, ao mesmo tempo, tão diferente. Ainda aqui, ainda agora, mas com outra natureza.