Wednesday, April 15, 2009

Viver o bardo

É viver a incerteza como único chão. Com seu movimenta contínuo, sem sentido, sem canções. Encher o balde que poderá verter a qualquer instante sem saber e sem lamento. Ou, ao contrário, com a voz no limite do protesto e da dor.

É um fio extremo de estreiteza, mas de largadas ilusões. Que se tateia com receio quase fuga, e se agarra para evitar quedas antecipadas. E que se esquece a cada possível alegria.

É suspenso a baixa altitude, medo controlado. Em cada novo olhar o mesmo piso mais perto, e perto se perde qualquer via de escape.

Mas também é atentar para detalhes que antes passariam despercebidos. Para o que não significava. E agora passa a viver.

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[‘bardo’ é um termo tibetano para os estados intermediários, transitórios, como a vida, o período de passagem entre a vida e a morte, e a própria morte]

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foto: estação-ponte Santo Amaro do metrô, a partir da estação de trem de mesmo nome, às margens do rio Pinheiros, na zona sul de São Paulo, por Ricardo Imaeda

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