Ela canta no karaokê como se fosse no disco. Mal sabem os passantes, que devem confundir. Talvez ela mesma esteja mais na música do que na lanchonete espúria, em meio aos poucos que a aplaudem. É assim contente, como ontem, enquanto o ônibus não vem.
[ao som de ‘Tú nella mia vitta’, que circulou o mundo na voz da dupla Wess & Dori Ghessi nos anos 70 e sobrevive no repertório de karaokês da cidade]
:: foto: skyline do centro novo de São Paulo, por Ricardo Imaeda
Parece ser sempre o último trem este em que embarco sem saber do que espera. Ainda assim consigo, mal ou bem, me equilibrar no chacoalho do que passa, porque ainda passa.
É sempre a sensação de última passagem. De não poder perder senão não haverá mais. De não poder largar, não deixar partir. Como os lugares além da janela na ausência de quem contempla.
:: foto: a partir do interior de carro do trem Maria Fumaça do Memorial do Imigrante, na Mooca, São Paulo, por Ricardo Imaeda
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