
A bicicleta traça seu rumo sobre a terra, dezenas de metros mais por sobre viaduto e avenida. Não é vôo nem rodagem. Sustentada por um balão e por um fio, ela desliza como se apenas passasse. Surgiu inesperada, lenta se vai e volta depois que os que pedalam descem pelos cabos. De olhar para cima as cabeças giram para se perder e pousar em outros passos.
Em um pequeno palco alternativo de dança, no vale do Anhangabaú, um jovem casal desata sua coreografia, de desencontros e invenção. Algumas poucas pessoas atentam para eles, fim de tarde. Quando termina, outras menos chegam para conversar. Um senhor de experiência marcada no rosto, nos braços, vem estender um pedaço de papel e pedir para que o dançarino escreva ali seu nome. A princípio ele estranha mas enfim compreende. Aquele homem havia sido tocado pela arte. Ele está salvo.
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foto: palco Piano na Praça (Dom José Gaspar), atrás da Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, na Virada Cultural do ano passado, por Ricardo Imaeda
1 comment:
arrisco que a salvação tenha sido operada nos dois, pois toda arte carece de atenção, ainda que em contido desespero.
os pneus eram teus?
ricardo.
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