Monday, April 07, 2008

Destraços

Como se apostasse que o prazo estivesse perto do fim, os meses contados, histórias como contos, começos e meios. Para que se preocupar com esgotamento de recursos se o próprio tempo já o ameaçava de forma tão cinematográfica? Cada novo passo era, assim, sem necessidade ou objetivo.

As linhas enfraquecidas já o limitavam menos, e menos desenhavam um destino ou parada intermediária. Saía qualquer hora do dia sem roteiro, quando tinha vontade de andar. Caminhava como na contramão, baixa velocidade, um estrangeiro em língua nativa.

Era parecido com suas lembranças: surgiam do nada, duravam pouco, diluíam-se enquanto outras mal combinavam significado e repetição.

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[ao som de ‘Não sei’, de Gaya e Aloysio de Oliveira sobre tema de Chopin, na voz de Ithamara Koorax]

::foto: detalhe da praça Júlio Prestes, em frente à estação de mesmo nome, em São Paulo, por Ricardo Imaeda

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