Tuesday, March 11, 2008

Sem destino

[ao som de ‘White sandy beach of Hawai’i’, de e com Israel Kamakawiwo’ole]

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[para todos aqueles que perderam a paixão pela existência]


Ao longo de séculos os antigos polinésios desenvolveram a arte de navegar pelo imenso oceano Pacífico. Sem bússola ou outros instrumentos, eles se guiavam pelas estrelas, vôos dos pássaros e diferenças na qualidade das ondas e dos ventos. A aguçada sensibilidade às mudanças na paisagem surgiu não apenas da necessidade, mas também do desejo de conhecer novas ilhas. Fosse grande o temor, a paixão da descoberta fazia mover os velejadores.

Em terra, na atualidade, as possibilidades de se perder parecem ser bem menores. Mas a sutileza dos pisos engana o andarilho. E a enorme diversidade dos ambientes funciona mais para entreter e confundir do que para orientar. Mal a sobrevivência se manifesta, os pássaros batem asas e decolam para não mais.

Chega um tempo em que não parece haver encontro que justifique uma perda. Nem perda que signifique uma vida.

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foto: vôo de garça por sobre um dos lagos do parque Ibirapuera, em São Paulo, por Ricardo Imaeda

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