Nos livros e filmes as grandes mudanças na vida vêm quase sempre acompanhadas de deslocamentos no espaço. Parece que a viagem para lugares distantes, ou apenas diferentes, funciona como um sinalizador inequívoco de que uma transformação de fato ocorre. O ambiente espelha o interior.
Perder-se em uma cidade, oferecer-se a toda sorte, funciona como um ato purificador – um ritual de renascimento. Assim devem querer os autores. Mas quem olha para o mutante talvez o perca em suas escolhas, suas dúvidas. Ignorará a jornada, ainda que perceba o refugiado. Ao outro persistirá a superfície, a face. Em parte do que será de novo o outro.
Será possível mudar sem vencer a barreira da pele? Sem se mover dos limites habituais, sem sair dos espaços conhecidos?
Aquele que procura parece estar um pouco além do aqui hoje. Ao mesmo tempo andou e ficou. Seu olhar parte, a paisagem ganha novo sentido. Tudo se mexe, cada coisa volta a seu lugar. Olha com estranhamento, senta-se e toma um chá enquanto pássaros cantam ao fundo.
::
foto: cúpula do orquidário Ruth Cardoso, no parque Villa-Lobos, zona oeste de São Paulo, por R.I.
Wednesday, September 14, 2011
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
Oi, mutante! :)
Post a Comment