Tuesday, October 03, 2006
Do outro lado do rio
Mesmo que seja por apenas alguns minutos, voltar à cidade, à casa da infância é remar por um canal turvo, sem lanternas ou coletes salva-vidas. Assim é todas as vezes que volto para votar. A cidade está lá, mais ou menos perto, ao alcance de um ônibus. E também mais longe do que os anos que se passaram. Nem toda a pintura ou reforma podem disfarçar sua fisionomia, enterrar memórias. Ela é um longa-metragem que nunca termina, guardado em gaveta semi-aberta.
‘Sobre todo, creo que
No todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima,
Y yo, soy um vaso vacio...’
(Jorge Drexler)
Por onde remar se as torrentes parecem drenos? Para que outra cidade fogem esses fantasmas do passado?
E assim volto as costas uma vez mais enquanto anoitece. Enquanto cresce aquela mesma sede que me secou os remos para seguir.
[por favor, ouça ‘Al otro lado del rio’, de Jorge Drexler, quando ler]
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2 comments:
r., interessante como que, no meu percurso no mesmo dia, raciocinei q vc escreveria sobre sua jornada.
o q agora se apresenta.
...
ouso ler o texto como se meu fosse e concluir que minhas cicatrizes doem hj, caladas, mais do q nos dias em q, em formação, jorravam algum escarlate.
...
gostei dos remos.
tivesse o poeta pensado em mares q secam, talvez tivesse escrito q seguir é preciso, seja da forma q for: navegando ou a pé.
...
[]s
ricardo.
Mais pop, lembro-me musicalmente da cidade: "But oh your city lies in dust, my friend"
voltar já voltei, mas não me reconheço, não porque não queira, mas porque não posso.
Roberto
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