Thursday, June 01, 2006

Tremor

Às vezes sinto tremer o chão sob meus pés. Em alguns prédios pareço pressentir um choque de trator. Um metrô passa sob meus sapatos sensíveis. Trovão seco, de pavios curtos, curtos-circuitos desinibidos. Quando então não sei mais o que fazer. Alertar os inocentes? Deixar passar, esperar calmaria?

Mas se repete cada dia. Em andares diferentes, sob carpetes ou tacos descolando, granito, lajotas, piso flutuante. Será um aviso?

O trepidar é o mesmo, variando sapatos, temperaturas ou companhias. Faz agora parte do meu estilo. Fred Astaire sentiria? E quase não reconheço normalidade não havendo esse carinho.

Desço escadas. Não estão lá. Talvez não tenham me aguardado. Desconfio dessas construções antigas. Talvez voltando outro dia. Sei, não há precisão matemática, ou física. Sei lá. Esses espíritos abandonam fácil o caminho das pedras. Não agüentam o concurso do tempo. Então, assim habitam os que têm medo – na segurança dos chãos superados. No plano gasto de fantasmas mortos.

Mas existe trepidação ainda. Em todas as ruas. Quase ninguém deve se acalmar. É duro. Porosamente duro.

1 comment:

Anonymous said...

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